sábado, 14 de outubro de 2017

Os povos indígenas do Brasil



(Terra à vista!)
Pindorama, Pindorama é o Brasil antes de Cabral
Pindorama, Pindorama é tão longe de Potugal

Fica além, muito além do encontro do mar com o céu
Fica além, muito além dos domínios de Dom Manuel

Vera Cruz, Vera Cruz quem achou foi Portugal
Vera Cruz, Vera Cruz atrás do Monte Pascoal
Bem ali Cabral viu dia 22 de abril
Não só viu, descobriu toda a terra do Brasil

Pindorama, Pindorama mas os índios já estavam aqui
Pindorama, Pindorama já falavam tupi-tupi
Só depois, vêm vocês que falavam tupi-português
Só depois com vocês nossa vida mudou de uma vez

Pero Vaz, Pero Vaz disse em uma carta ao rei
Que num altar, sob a cruz rezou missa o nosso frei
Mas depois seu Cabral foi saindo devagar
Do país tropical para as Índias encontrar

Para as índias, para as índias mas as índias já estavam aqui
Avisamos: "olha as índias!" mas Cabral não entende tupi
Se mudou para o mar ver as índias em outro lugar
Deu chabu, deu azar muitas naus não puderam voltar

Mas, enfim, desconfio não foi nada ocasional
Que Cabral, num desvio viu a terra e disse: "Uau!"
Não foi não, foi um fim foi um plano imperial
Pra aportar seu navio num país monumental

A Álvares Cabral, a El Rei Dom Manuel
A índio do Brasil, e ainda quem me ouviu
Vou dizer, descobri, o Brasil tá inteirinho na voz
Quem quiser vai ouvir, Pindorama tá dentro de nós

A Álvares Cabral, a el-rei Dom Manuel
A índio do Brasil, e ainda quem me ouviu
Vou dizer, vem ouvir é um país muito sutil
Quem quiser descobrir, só depois do ano 2000"


A letra da musica Pindorama apresenta um diálogo cantado sobre a fundação de nossa nacionalidade e a formação do povo brasileiro. Pindorama era o nome dado ao Brasil pelos índios Tupi. Os integrantes da conversa criada na canção são os nativos e os brancos portugueses.
Cada um canta sua versão do que é Pindorama, do que é Vera Cruz, do que é o Brasil. Pindorama acontece no canto, se realiza na fala. Os indígenas, quando gritam sua miséria e seu esquecimento, quando mobilizam suas vozes na terra brasileira, estão sendo brasileiros, estão sendo Pindorama.

Os índios de hoje

A respeito dos índios do Brasil, ninguém sabe ao certo quantos são ou quantos já foram. De acordo com o Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há hoje mais de 800 mil índios no país. No passado, por volta de 1500, os cálculos mostram que essa população devia estar entre 3 milhões e 5 milhões de pessoas. Certeza mesmo é que os índios são os mais antigos moradores das terras hoje conhecidas por Brasil.
Os índios nunca formaram um único povo. Hoje, segundo dados do Instituto Socioambiental (ISA), são 238 culturas diferentes espalhadas pelo território brasileiro. Aproximadamente 300 mil índios vivem em cidades e mais de 500 mil em áreas rurais.

Diversidade Cultural

A diversidade cultural que caracteriza os povos indígenas pode ser medida pelos número de línguas faladas por eles: são mais de 180.
A maior parte das linguas indígenas tem duas origens (troncos) comuns: o tupi e o macrojê. Algumas línguas, porém, como a dos Ticuna, não pertencem a nenhum dos dois troncos. Há povos ainda que perderam sua língua de origem e falam o português, como os Pankararu. Por sua vez, a língua portuguesa, oficial no Brasil, incorporou inúmeras palavras de origem tupi.
A cultura dos índios, porém, não se resume à língua falada. Os povos indígenas desenvolveram um conhecimento único da natureza. Eles conhecem propriedades medicinais e cosméticas de raízes, sementes, folhas, frutos, cascas de árvore etc. Além disso, muitos povos dominam técnicas eficientes de plantio e de conservação de alimentos.


A sociedade dos Tupis

Quando os europeus chegaram ao continente americano, no final do século XV, os Tupi dividiam-se em Tupinambá, Caeté, Potiguara e outros, totalizando uma população de aproximadamente 1 milhão de pessoas.
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Ataque tupiniquim a uma aldeia Tupinambá. Gravura colorizada de
Theodore de Bry, de 1562, para a narrativa de Hans Stadem.
Os paus de cerca foram desenhados assim para mostrar como seria o interior da aldeia.
As aldeias Tupi situavam-se 
em lugares com água, 
madeira e alimentação farta. 

A população de 500 a 
3 mil indivíduos, distribuía-
se em quatro a oito grandes
 habitações, chefiadas por 
um líder, chamado 
principal,que conquistava essa posição por ser corajoso e habilidoso na arte da guerra.

Entre os Tupi não existia um poder centralizado, exercido por alguém responsável por dar ordens aos outros ou por aproveitar-se de seu trabalho. Reunidos numa espécie de conselho, os principais
decidiam em conjunto o destino da aldeia. Os primeiros a serem ouvidos eram os membros mais corajosos, tratados sempre com muito respeito. As aldeias ligavam-se entre si por alianças,  estabelecidas conforme afinidades e relações de parentescos. Tais alianças variavam com o tempo: os amigos de hoje poderiam ser os inimigos de amanhã.

A Cultura


A cultura Tupi baseava-se na guerra e em vários mitos, por exemplo, o da existência de uma “terra sem males”. Incentivados pelos seus xamãs (líderes religiosos), procuravam uma terra ideal onde haveria fartura de alimentos, imortalidade e o direito de se libertar dos inimigos. Na busca desse sonho, os Tupi espalharam-se por todo o território e ocuparam a faixa litorânea.

A guerra, um componente cultural básico e constante na vida dos Tupi, servia, sobretudo, para vingar os parentes mortos pelos inimigos. O maior triunfo resumia-se em matar e comer o oponente capturado na luta. O prisioneiro, conduzido à aldeia inimiga,integrava-se à rotina do lugar até ser revogado em um ritual que reunia os membros da aldeia e seus aliados.
Acreditava-se que os mortos em guerra iam para uma espécie de paraíso, onde estavam os seus ancestrais. Assim, ser devorado em um ritual antropofágico não era de todo ruim e poderia representar um destino digno na vida de um índio.

O cotidiano


A guerra e a caça eram atividades masculinas. Às mulheres, cabia preparar o cauim, bebida fermentada à base de mandioca, usada nos rituais da aldeia. Elas também cuidavam das crianças, das plantações e fabricavam as vasilhas de barro utilizadas no preparo da comida.
Cada homem podia ter várias esposas, embora fosse comum ter apenas uma. Homens e mulheres se pintavam e usavam ornamentos. Os homens enfeitavam-se com ornamentos na cabeça, nos lábios e no pescoço, enquanto as mulheres adornavam apenas as orelhas. Os Tupi eram ótimos caçadores e pescadores. Eles cultivavam a mandioca, base de sua alimentação, com a qual faziam farinha, bolos e beijus.

A sobrevivência dos indígenas


Imagem relacionada
Gravura de Theodore de Bry representando Tupinambá
 desmembrando e cozinhando o inimigo, durante um ritual
antropofágico, 1562.
Nos últimos
quinhentos anos, os povos indígenas foram dizimados
pela escravidão, pelas guerras e pelas doenças trazidas pelos colonizadores. A população sobrevivente perdeu muito da sua cultura tradicional e das suas terras de origem.
A constituição brasileira garante aos índios as terras tradicionalmente ocupadas e necessárias à sua sobrevivência e à preservação da sua cultura. No entanto, quase metade deles ainda não tem, na prática, esse direito.

Os Territórios Indígenas (TI) encontram-se, em sua maioria, na 
Amazônia e sofrem com a exploração predatória da floresta, empreendida principalmente por mineradores, madeireiros e fazendeiros.


Atividades

1) Analise a canção Pindorama.
a) Explique o significado dos nomes dados ao Brasil.
b) As estrofes se referem a diferentes momentos históricos? Quais são eles?

2) Estabeleça diferenças entre o homem e a mulher nas sociedades indígenas em relação ao trabalho e aos ornamentos.

3) Explique a importância da guerra para os povos Tupi que habitavam as terras brasileiras quando os portugueses chegaram em 1500.

4) Análise o mapa e responda.
a) Em que região ou regiões do Brasil se concentra a maior parte dos territórios indígenas?
b) Avalie se o trecho a seguir confirma ou não os dados do mapa: Os grupos indígenas permaneceram nas terras em que viviam. A antiga posse do território garantiu aos indígenas a sua propriedade."

5) Que características culturais dos Tupi foram representadas nas imagens presentes no texto?


Pindorama, Pindorama

sábado, 30 de agosto de 2014

O Tratado de Tordesilhas



Assinado no dia 7 de julho de 1494, o Tratado de Tordesilhas foi um acordo assinado entre o Reino de Portugal e o Reino da Espanha, um dos novos reinos da Europa, no povoado castelhano de Tordesilhas, que tinha como objetivo dividir as terras já descobertas e que ainda estivessem por se descobrir pelas duas coroas fora da Europa. Este tratado foi o resultado das contestações feitas por Portugal à Coroa espanhola sobre a viagem feita por Cristóvão Colombo um ano e meio antes, onde havia chegado ao chamado Novo Mundo, e reclamando-o oficialmente para Isabel, a Católica.

A divisão do Tratado de Tordesilhas
O tratado pegava como linha de demarcação o meridiano 370 léguas a oeste da ilha de Santo Antão, no arquipélago de Cabo Verde. Esta linha se encontrava especificamente entre essas ilhas pertencentes a Portugal e as ilhas das Caraíbas, que haviam sido descobertas por Colombo. Os territórios que estivessem a leste deste meridiano seriam de Portugal, enquanto os que estivessem a oeste seriam da Espanhol.

Como nesta época o Brasil ainda não havia sido descoberto, mesmo que os espanhóis tivessem chegados a terras brasileiras, de acordo com o tratado, quem teria direito a este território seria Portugal. O Brasil, se encontra com terras em dois dos territórios, nos que pertenceriam a coroa espanhola e a coroa portuguesa. Não respeitando o tratado os portugueses foram invadindo as terras além da linha divisional imaginária, ocupando terras que seriam pertencentes aos espanhóis. Eles por sinal não se importaram muito, já que estavam ocupados com as terras que haviam sido descobertas no restante da América, ao norte, sul e oeste do Brasil. 250 anos depois do descobrimento os portugueses continuavam avançando para o interior das terras brasileiras, invadindo territórios que deveriam ser da Espanha. Muitos não tinham ciência de que essas terras existiam, e desta forma o Brasil foi tomando a forma que tem hoje.

O tratado do ponto de vista de outras nações
Algum tempo após a assinatura do Tratado, alguns países se mostraram insatisfeitos com tal atitude.  Muitas nações Europeias iniciavam seus processos de expansão marítima e não concordavam com o fato desta divisão ter acontecido apenas entre as coroas espanhola e portuguesa. Agora as coisas aconteciam da seguinte forma, o fato dessas nações não estarem no tratado significava para eles que estariam livres para tomar posse de qualquer faixa de terra que fosse descoberta, estivesse ela do lado português ou espanhol do tratado.

Os franceses, por sua vez, começaram a organizar expedições marítimas em direção ao Brasil, deixando bem claro que não concordava em hipótese alguma com os termos do tratado e quem não aceitavam a legitimidade do mesmo.

Essas atitudes dessas nações obrigou Portugal a intensificar os mecanismos de controle de seu território, agora mais do que nunca era necessário que houvesse uma colonização para mostrar que aquelas terras tinham um dono. Foi daí, que a partir de 1530 Martin Afonso foi enviado por Portugal para terras brasileiras com a finalidade de criar o primeiro centro de exploração colonial.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Conquista espanhola na América

Atividade 1
As montanhas que viraram deuses

Texto adaptado pelo escritor Carlos Franco Sodja,
é uma lenda de origem asteca.

"Os soldados do Império Asteca voltavam da guerra [...] derrotados e cobertos de vergonha.[...] À frente destes tristes soldados, um guerreiro asteca [...] conservava [...] o orgulho de sua estirpe.
[...] Uma mulher [...] ficou petrificada [...] porque aquele guerreiro asteca era o seu amado, a quem ela havia jurado amor eterno.
Tomada de um profundo ódio, voltou-se furiosa para o tlaxcalteca que a convencera, uma semana antes, de se casar com ele, jurando-lhe que o guerreiro asteca, seu doce amado, havia caído morto nos campos de batalha contra os Zapotecas. [...]
Poucos passos separavam a formosa Xochiquetzal do infame marido quando o guerreiro asteca os alcançou. Não foi preciso dizer nada. [...] O tlaxcalteca tirou a lança que trazia escondida sob a capa e o asteca puxou da espada incrustada de dentes de jaguar e javali. Era o combate entre o amor e a mentira.[...]
Por fim, já ao entardecer, ao asteca conseguiu ferir mortalmente o tlaxcalteca [...]. O vencedor do amor e da verdade voltou par busca sua amada Xochiquetzal.
Encontrou-a, porém, estendia ao chão no meio do vale. Estava morta. Uma mulher que amou como Xochiquetzal não poderia viver suportando a dor e a vergonha de ter sido de outro homem [...].
O guerreiro asteca se ajoelhou ao seu lado e chorou com os olhos e a alma.[...]
Ao amanhecer do dia seguinte, duas montanhas nevadas cobriam o vale verde. Uma tinha a forma inconfundível de uma mulher deitada sobre um túmulo de flores. A outra, mais alta, tinha a forma de um guerreiro asteca ajoelhado. [...]
Desde então, os dois vulcões que hoje vigiam o lindo vale de Anahuac passaram a se chamar Ixtacihuatl, que significa "mulher adormecida" , e Popocatepetl, que quer dizer "montanha fumegante", porque às vezes parece um imenso defumador.
Durante muito tempo e até pouco antes da chegada dos espanhóis, as moças que morriam por amor eram sepultadas ao sopé da Ixtacihuatl, ou seja, de Xochiquetzal, a mulher que morreu por amor e se transformou numa montanha de neve..."

1) Escreva o nome dos personagens da lenda e o papel deles na história.

2) O guerreiro que entrou em combate com o soldado asteca era de Tlaxcala, um reino que nunca se rendeu ao domínio asteca. Sabendo disso, explique a forma como o guerreiro tlaxcalteca foi tratado nessa lenda.

Atividade 2
Imagem 1


Imagem 2


Observe as imagens 1 e 2. O que elas revelam sobre as diferenças militares entre astecas e espanhóis?


Atividade 3


Bartolomé de las Casas
Relato de um frade dominicano que passou pela América no século XVI. Vejamos a seguir o que ele achava dos povos nativos e da relação deles com os espanhóis:
“ Das mentiras que os índios diziam aos espanhóis e hoje dizem, onde ainda não os desvastaram, os vexames e servidão horrível e cruel tirania com que os atormentam e maltratam, são as causas, porque de outra maneira, senão mentindo e fingindo para contentá-los e aplacar seu contínuo e implacável furor, não podiam escapar-se de mil outras angústias e dores e maus tratos.”
É aqui de notar que como os índios de todas aquelas províncias compreenderam que o ouro soava saboroso aos ouvidos dos espanhóis e que todo seu fim e negócio era saber onde havia ouro, e onde se tirava ouro e quem possuía ouro; os índios usavam com eles desta indústria para lhes agradar e suspender suas crueldades ou para se livrar deles, a saber: fingir que em tais e quais lugares havia imensidade de ouro e que encontrariam as serras e montes todos dourados.”
Retirado de: BRUÍT, Héctor. Bartolomé de Las Casas e a simulação dos
 vencidos. São Paulo: Iluminuras, 1995. p.167.

A partir da análise das imagens e dos relatos de viajante, responda em seu caderno:
1. Como foi a relação entre espanhóis e nativos americanos no período da chegada dos espanhóis?

2. Houve estranhamento entre esses grupos? Por que?

3. Os índios foram totalmente submissos e dominados pelos espanhóis?